Cenário Político de Melancolia
por Laudelino Sardá
SANTA CATARINA – A tristeza da grande maioria dos cidadãos brasileiros, particularmente os de Santa Catarina, é precisar (re) alimentar desconfiança e repúdio à totalidade dos partidos políticos, cuja sede pelo poder anarquiza a Nação. O povo não sabe o que ocorre em nível de articulações pautadas na prepotência e ambição, e pouco ouve de políticos propostas capazes de salvá-lo da miséria ética, política e institucional. Em qualquer país democrático, os três poderes cultivam com independência o respeito às leis, e se estiverem obsoletas, o legislativo encadeia um movimento voltado a soluções democráticas, imunes ao jogo político que atrofia o próprio poder.
O MDB, que se sujeitou à eleição indireta e abriu sua porta com tapete emplumado para receber José Sarney, um dos caciques do partido da ditadura, para depois eleger Tancredo Neves, que acabou morrendo antes de definitivamente governar o país, continua com os mesmos artifícios para conquistar o poder sem precisar investir numa candidatura própria. Negocia com o atual governador Carlos Moisés em, em troca, abre espaço para o presidente da Assembleia Legislativa, um de seus caudilhos, assumir o governo, já que a vice-governadora quer ser deputada federal e não poderá substituir o inquilino do palácio da Agronômica.
O MDB, que tem histórias de luta, principalmente no enfrentamento à ditadura, ignora o seu currículo, enriquecido por líderes como Pedro Ivo Campos, Pedro Simon, Ulysses Guimarães, e outros, para justamente abraçar o irreal, inimaginável, seguindo vícios pendurados em leis protecionistas e de exceção.
Faltam ao Brasil lideranças confiáveis, capazes de comandar mudanças em nome de uma Nação com potencial inimaginável, para se tornar um exemplo de sociedade. Quase a totalidade das atuais lideranças é corporativa, trabalha por interesses de grupos, montados em estratégias voltadas para a conquista do poder em benefícios próprios.
O povo catarinense está à espera de um projeto para o Estado, capaz de tornar o serviço público eficiente para o povo, numa estrutura simples e de qualidade, acabando-se com cargos de confiança, os penduricalhos das políticas públicas. E o MDB tem credenciais para promover essas mudanças, só que lhe faltam novas e competentes lideranças.
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