O PODER, A CORRUPÇÃO E O CALAFRIO DO PESCADOR
por Laudelino Sardá
BRASIL – Santa Catarina pode citar governadores que cuidaram com respeito dos cofres públicos. Como referência, Colombo Salles e A. C. Konder Reis, que tinham o controle das despesas e investimentos.
Esta semana, o presidente Bolsonaro afirmou que não tem como saber o que ocorre nos ministérios, referindo-se às denúncias de irregularidade na compra de vacina indiana. Inacreditável! O presidente, o único no mundo a desdenhar a pandemia, desconhece a compra de vacinas da Índia e seus trâmites? A se deduzir, o presidente reconhece – confessa? – que não tem controle do seu governo. Quem sabe, por isso, o custo de vida ainda não foi vacinado?
A mesma perplexidade desencadeia-se em S. Catarina, onde Moisés lança aplicativo para o povo acompanhar as despesas do seu governo, e, no entanto, não explica publicamente o pagamento de R$ 33 milhões por 22 respiradores que ainda não chegaram.
A corrupção é o verme que alimenta o parasitismo político-partidário. Para se ter uma dimensão do enraizamento da podridão pública, é oportuno lembrar que, em 1979, o general Hugo Abreu, ministro militar do presidente Geisel, lançou o livro “O outro lado do poder”, em que levanta 20 denúncias de corrupção ocultadas por governos da ditadura. E é o próprio Abreu quem observa: “A Revolução prometeu honestidade e lutar contra a corrupção e não cumpriu”.
Efetivamente, não testemunhamos, desde a monarquia, qualquer trégua à corrupção. Nem os políticos estão interessados em criar mecanismos para enfrentá-la. Afinal, no Brasil, a corrupção ainda é o retinol eleitoral.
ENQUANTO ISSO, NA PRAIA DA CACHOEIRA…
– Venanço, não consigo entender: a gente deixa barco, redes aqui na praia e ninguém mexe. Já o dinheiro do povo fica trancado no cofre e é roubado, pode?
– Lelo, a corrupção é o maior cabo eleitoral no Brasil. O político é outro tipo de pescador, que com apenas um anzol pesca o que quer. Dizem que até D. João VI raspou os cofres do Banco do Brasil na volta pra Portugal! Nós, povo, só podemos sentir calafrio.
Mas hoje, Lelo, estou chorando. Morreu aquele moço que nasceu nas Europa e é o bruxo mais inteligente da nossa Ilha.
– Quem, meu Deus?
– Rodrigo de Haro. Ele deixa tanta coisa escrita, e cada palavra toca em nossa alma.
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