O 7 E A INDEPENDÊNCIA DO VOTO

por Laudelino Sardá

Hoje é 7, amanhã será 8 e daqui a 30 dias voltamos ao 7, mas de outubro. E nessa rotina a Nação não foge aos sucessivos mergulhos nas incertezas, produzidas pelo rancor político, discursos “brocháveis” e, sobretudo, pela indisposição da própria sociedade, que, alimentada por comportamentos fúteis de lideranças partidárias e de candidatos, não assume postura em defesa da renovação do processo político, para interromper o longo e tenebroso processo demais de um século de hipocrisia, fantasias e desmando de poderes. Enquanto mais de 33 milhões de brasileiros clamam por comida, levando famílias a dormirem ao relento debaixo de marquise, os cofres públicos continuam à mercê de jogadas político-partidárias. Somos o país que mais se abandalha no desvio de dinheiro público para campanhas eleitorais.
Os 200 anos da Independência, comemorados hoje, deveriam servir de referência à reconstrução do Brasil, mas acabou espalhando palanques nos estados para ataques políticos e à pequenez traduzida no despreparo e insignificância dos partidos.
Incrível, mas os 200 anos foram divididos em dois séculos para dar guarida aos discursos do governo e da oposição. Nem as discussões em torno da Independência do Brasil, oportunas e significativas, ganharam espaço, exceto em alguns canais de tevê. E foram poucas as escolas que se motivaram a desenvolver estudos e debates sobre a importante data, quem sabe pelas forças ideológicas embutidas em estratégias de candidatos. A propósito, a apatia das escolas – nos três graus – esconde a realidade política brasileira, quando essas instituições deveriam estar preparando as novas gerações para compreender o papel da democracia, além da formação de novas lideranças. A Nação precisa reoxigenar-se para a sociedade assumir o desafio de acreditar e apostar em profundas e necessárias mudanças.
O pessimismo se alastra pela ausência de perspectivas de mudanças. As próximas eleições precisam ser entendidas como sinônimo de transformação. Para isso, a consciência dos brasileiros precisa pesar – e muito – na decisão de cada voto.

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