Entrevista | Jorginho Mello

por Richard Ritter – @richardritteroficial

Richard Ritter: Um assunto que tem dominado nas últimas eleições em Santa Catarina é a ambulanciaterapia. Como o Estado enfrenta um caos na saúde, com filas para cirurgia e exames, qual é a sua proposta para melhor o atendimento médico ao catarinense?

Jorginho Mello: No meu governo, vamos criar o programa ‘Saúde Mais Perto de Você’. Será o fim da ambulanciaterapia. Mais do que construir novos hospitais, vou revitalizar as estruturas dos 173 hospitais que estão dentro da PHC (Política Hospitalar Catarinense), com atualização dos contratos visando a ampliação da prestação de serviço regional. Ao dotar 21 hospitais regionais com todo o aparelhamento necessário para procedimentos de alta e média complexidade, vamos permitir que os 152 hospitais filantrópicos possam desafogar os maiores complexos de saúde do Estado. Com isso, vamos zerar as filas de cirurgias e exames no primeiro ano de Governo. Iremos também aumentar a lista de oferta de medicamentos gratuitos. Regionalizar a saúde significa oferecer atendimento especializado próximos das pessoas.

Ritter: Outro tema que já domina a campanha eleitoral é a precariedade da malha rodoviária. Segundo levantamento da Fiesc, 22 rodovias de Santa Catarina estão em péssimo estado. Qual é a saída para recuperar as nossas estradas?

Mello: Nossas estradas estão em estado precário. É muito prejuízo para os motoristas: suspensão quebrada, pneus furados, perda de tempo com engarrafamentos… E o pior de tudo: acidentes que causam mortes. Mais de 60% das estradas precisam de melhorias urgentes e definitivas. O Governo investiu metade do que deveria em manutenção das estradas por ano: R$ 92 milhões, quando o correto seria aplicar R$ 210 milhões. Dizem que o Governo Jair Bolsonaro não investiu em obras em Santa Catarina. Não é verdade! Em apenas três anos e meio, Bolsonaro investiu muito mais do que os oito anos do Governo do PT, de Lula e Dilma. A BR-470 é um exemplo disso. No Governo Lula/Dilma, a duplicação da rodovia andou zero km. No Governo Bolsonaro avançou 40 km dos 73 km de extensão. Poderia estar melhor, mas com os problemas e dificuldades que o Brasil enfrentou nesses últimos dois anos, avançamos bastante. Com boas estradas, Santa Catarina anda mais rápido e o futuro chega mais depressa. Vamos investir no programa de recuperação das estradas rurais, aliviando o tráfego nas rodovias estaduais e assegurando a segurança do escoamento da produção. São 54 mil km de rodovias municipais e só 1.980 kms asfaltadas. E cobrar prioridade nas obras juntos ao Governo Federal: BR 470 – Ampliação até Indaial; BR 282 – Implantação da 3ª Faixa; BR-280 – Conclusão da duplicação do trecho entre São Francisco do Sul e Jaraguá do Sul; BR-285 – Conclusão da revitalização.

Ritter: Muito se fala que tem emprego em Santa Catarina, mas o que falta é mão de obra qualificada. O problema está na formação do jovem?

Mello: Sem dúvida. O jovem sai da escola sem uma profissão. Apenas 6% dos jovens no Estado tem acesso ao ensino técnico profissionalizante. Em São Paulo, a formação está presente em 33% dos municípios. Vou lançar o programa ‘Meu Diploma, Meu Futuro’. Ensino profissionalizante para todos. Lançaremos 21 escolas técnicas dentro da Rede Etesc em parceria com Sistema S (Sesi, Senat, Senac, Sebrae) e Acafe. Precisamos preparar nossos jovens e nossos alunos para o futuro. Nosso objetivo é dar aos jovens um diploma de ensino técnico que possa garantir a eles uma boa oportunidade de trabalho. Melhores trabalhos, melhores salários e uma vida melhor. O jovem gosta de ter o seu dinheiro, isso o faz se sentir independente e responsável.

Ritter: Santa Catarina ostenta índices em queda de criminalidade. No entanto, policiais, tanto civis como militares, se queixam longe das corporações dos vencimentos. Os agentes de segurança do Estado têm razão de se queixar?

Mello: Sim. Tenho conversado com comandantes, delegados, investigadores e praças e há uma insatisfação generalizada. A sensação de segurança no Estado poderia ser ainda maior se os nossos agentes de segurança fossem mais valorizados. Muita gente não sabe, mas hoje, em Santa Catarina, tem um policial para 704 habitantes. A ONU recomenda que haja um policial para cada 450 habitantes. O Governo atual não contratou nenhum policial neste período. Quis, no apagar das luzes, contratar policiais temporários, a fim de colocar nas ruas os policiais de carreira, mas a Assembleia Legislativa vetou. Justamente por ser uma medida eleitoreira do Moisés. O déficit de 6 mil policiais acaba acarretando uma sobrecarga de trabalho. Vamos precisar rever a escala de serviço. Precisamos, urgentemente, abrir concurso para recrutar novos policiais. Vou acabar também com essa história de Conselho de Segurança. No meu governo, vamos recriar a Secretaria de Segurança Pública de maneira que eu possa despachar diretamente com o comandante da Polícia Militar e o chefe da Polícia. Segurança Pública é prioridade também no meu governo. Tanto que escolhi como minha vice a delegada Marilisa, que criou a primeira delegacia da mulher em Joinville.

Ritter: Por que o senhor, que cumpriu quatro dos oito anos de mandato no Senado, decidiu se candidatar ao Governo do Estado?

Mello: A pergunta não é porque eu quero ser governador, mas sim para quê. Quero ser governador para resolver o que há anos já devia ter sido resolvido no nosso Estado. Os catarinenses não aguentam mais esperar anos para que as suas necessidades sejam atendidas. Não combina com Santa Catarina ver mais de 100 mil pessoas na fila de espera por alguma cirurgia. Quero governar o nosso Estado para que os jovens tenham acesso a uma formação de qualidade. Ensino técnico e profissionalizante de verdade. É preciso que a energia trifásica chegue com qualidade em todo o campo, para que o trabalhador não tenha que jogar a sua produção fora, quando falta luz no meio do processo de produção da sua mercadoria. Não podemos deixar as nossas estradas esburacadas contribuírem para o aumento no número de mortes. Quero que os catarinenses cheguem em casa por meio de estradas seguras. Quem nunca passou por necessidade não tem ideia do que é o sofrimento, a humilhação de ser tratado com descaso, quando você̂ mais precisa de ajuda. Hoje, 160 mil catarinenses estão vivendo em situação de pobreza – é quase a população de Lages. Mais do que um plano de governo, temos um plano de ação, com ações rápidas, com investimento inteligente e que resolva os problemas da população em tempo recorde. É assim que eu vou governar.