Pensar as cidades…

por Laudelino Sardá


Santa Catarina – Santa Catarina tem uma particularidade um pouco complicada. É apontado como o estado com melhor estado para se viver, o que mais exporta e ainda o que se desponta com qualidade em inovação tecnológica. E podemos dizer que algumas empresas multinacionais já instalaram seus centros de desenvolvimento em Florianópolis. O que falta, contudo, é Santa Catarina pensar e investir em suas cidades. Não pode haver desencontro entre o crescimento econômico e o desenvolvimento social. É fundamental que o Governo do Estado, em parceria com os municípios, desenvolva projetos visando à melhoria crescente da qualidade de vida. Não podemos mais nos enganar de realidades que mostram nossas deficiências. Cidades que enaltecem o Estado com qualidade empresarial, tecnológica e de serviços estão com problemas sociais que exigem, de forma emergencial, providências do Governo. Até porque é comum no Brasil acomodar-se com um cenário social e econômico aceitável sem o necessário planejamento para que os índices não caiam por terra nos anos seguintes.
Santa Catarina já vive esse drama. A fama de um bom Estado para se viver motivou muitas famílias de vários estados, principalmente do Nordeste, a virem para cá apostando em um novo futuro. Isto é normal e aceitável. Contudo, é essencial que haja critério para que essas famílias não ocupem morros ou fomentem favelas. Elas precisam ser orientadas e ajudadas a construir seu futuro de forma harmoniosa. E o que está faltando é justamente isso, uma política que estabeleça regras e orientação ao crescimento social catarinense.
A quase totalidade dos prefeitos deve apoiar a iniciativa de se criar um modelo de desenvolvimento social apropriado às particularidades do nosso Estado. Mas enquanto o Governo do Estado ficar apenas nadando no oceano catarinense, apostando em uma boa pescaria política, com certeza estará acelerando o processo de fragilidade social, com forte repercussão no processo de crescimento econômico, até porque não se vê na Europa, por exemplo, países fortes no social e econômico que não tenha investido na qualidade de vida.
O economista Alcides Abreu, que comandou as reformas e projetos no Governo de Celso Ramos, dizia que é impossível apostar no crescimento econômico de uma região sem planejar o desenvolvimento social. E ele estava certo. Os anos 60 foram preciosos para os avanços sociais catarinenses, justamente porque a grande maioria dos projetos e estratégias econômicas não esteve divorciada da preocupação social.
Quem sabe o Governo de Jorginho de Mello (PL) se inspire nos ideais do Governo de Celso Ramos para pensar e fazer planos com as prefeituras, pensando e apostando sempre na simbiose social e econômica.

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