Minha Opinião | Manu Vieira


COMO SERÁ A SUA CIDADE NO FUTURO?
por Manoella Vieira da Silva
Vereadora de Florianópolis

Já pensou no seu futuro daqui a 5, 10, 30 anos? Onde estará morando, se a família aumentou, trocou de carro, se ainda mora na mesma cidade… são tantas possibilidades e variações, que as mudanças podem alterar radicalmente a projeção de futuro da realidade.
Imagine agora, projetar a cidade do futuro?
O exercício da imaginação é possível a todos e contingenciar todas as possibilidades em poucas diretrizes claras de organização é um desafio hercúleo. Este foi o momento que Florianópolis viveu recentemente com a discussão do Plano Diretor.
O plano diretor é um instrumento urbano com diretrizes para a ocupação de solo de forma a dirigir o crescimento da cidade. O conjunto de órgãos públicos e sociedade civil se reúnem em discussões, análises, dados e escutas estabelecidas através de audiências e consultas públicas para organizar os vários entendimentos sobre como a cidade deve (e se pode) crescer.
Na prática, os planejadores urbanos tem muito pouca influência sobre a taxa de crescimento da cidade. Para os muitos que veem Florianópolis como impossibilitada de acolher mais habitantes, entendo que esta não é uma condição que se consegue impor, uma vez que não dá para fechar as pontes e qualquer outro acesso com uma placa de “NÃO ACEITAMOS NOVOS MORADORES”.
Segundo o renomado Urbanista Alain Bertaud, as cidades crescem pois possuem vantagem comparativa seja em atrativos naturais e localização geográfica, seja pela especialização, qualificação e inovação do ecossistema de trabalho. Então, terra boa e de gente boa, tende ao crescimento – mesmo que irregular…
Como contornar os desafios e as dores do crescimento então? Esse sim, é o verdadeiro desafio. Organizar o potencial construtivo em áreas que oferecem esse possibilidade é necessário, uma vez que o crescimento precisa ser regular e formal. Isso permite o planejamento e investimento, com muito mais assertividade, de infraestrutura. Ter como planejar áreas mais adensadas, permite diluir os custos de coleta de resíduos, tubulações de esgoto, estações de tratamento e planejar com maior eficiência os equipamento públicos de educação e saúde.
Não é possível condenar a cidade à pavimentações baixas, porém, cada vez mais distantes de tudo e acumular problemas com a falta de vagas, de pavimentação e de insegurança. Em especial, a dor crônica que é a mobilidade agrava-se ainda mais neste cenário e não é preciso muita imaginação de projeção futura para ver o agravo do problema. A cidade viva na carne o deslocamento de 60mil pessoas em média do norte da ilha para o centro, diariamente.
Há quem se oponha aos altos prédios e nos compare negativamente com algumas vizinhas como Balneario, mas comportar a verticalização em alguns pontos da cidade, ainda nos deixa muito distantes desse cenário e permite moradia formal, regular e digna pra muita gente que já está ou para cá quer vir somar. Ser uma ilha bela, com um mercado de trabalho fervilhando e em sobreemprego (quando temos vagas sobrando), continuará a atrair pessoas, mas precisamos que seja da melhor forma possível.
A recente revisão do plano diretor provocou muitas e calorosas discussões, mas não poderia ser diferente. Afinal, se o desafio proposto inicialmente de imaginar o próprio futuro já é um verdadeiro enigma, imagina o das cidades?
Cabe aos legisladores e poder público criar espaços para a inovação, melhores soluções e contínuo diálogo sobre o assunto, reconhecendo que as cidades são dinâmicas e vivas. São provocações de encontros entre vivências e mentes tão ricos, que seus impactos podem mudar o futuro. E não se surpreenda se for para melhor.


Foto: Divulgação