BRASIL DESGOVERNADO

por Laudelino Sardá


BRASIL – A política partidária no Brasil, por mais que tenha sido desastrosa, não havia subestimado, até então, a importância de a gestão pública buscar equação econômica e social exigida pela sociedade. Hoje, contudo, parece o contrário. O governo revela a sua incapacidade de enxergar o papel do poder público, subnutrindo-o com um falso alvará de estratégia de grupo político, que levanta a bandeira da “imoralidade” , enquanto eles, os inquilinos atuais de Brasília, não enxergam o sofrimento do povo. O ministro Paulo Guedes disse, recentemente, que o povo terá de engolir novo aumento da energia, como se os cidadãos fossem culpados pela agonia econômico-financeiro da Nação. Tudo leva a crer que o discurso atoleimado de Guedes reforça a percepção de que Jair Bolsonaro persegue uma saída insalubre: tomar a Nação pelas armas e impor o seu prazer.
A dificuldade do governo de perfilar-se aos princípios da gestão pública ética e eficiente lança os brasileiros a um medo gigantesco, de não alcançar o raciocínio de um presidente que sequer percebe os efeitos nocivos dos desastrosos aumentos do custo de vida. Bolsonaro não está privilegiando a classe média e sequer pensando no pobre; age de forma inconsequente, como se o povo não tivesse direito de sentir e nem de pensar, como propugna o ministro Guedes em seus discursos.
As crises institucionais sucessivas, que atropelam a Nação ao longo da sua história não podem ensejar ao presidente e aos seus ministros posturas que só tendem a instituir muros da vergonha entre os poderes do governo. Bolsonaro aposta em um impasse, desencadeando movimento no sentido de levar o povo às ruas. Em pleno século 21, seria desastroso o apoio das forças armadas a uma tomada do poder com a destruição dos princípios democráticos. O erro não é a ausência de princípios, mas do equívoco do presidente de se achar na condição de atacar o próprio governo (executivo, legislativo e judiciário), atrevendo-se a um direito mórbido de andar armado, atirando em que ele considera inimigos.
Os inimigos da Nação são os que não admitem a convivência com a democracia. Aliás, a democracia permite ações e manifestações capazes de aprimorá-la. O Palácio do Planalto, pelo jeito, quer minar as bases do estado democrático.

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