HÁ MUITA COISA ERRADA
por Laudelino Sardá
BRASÍLIA – O presidente Bolsonaro, que só se diferencia de Jânio Quadros por ser bem menos inteligente, provoca um rebolão que silencia a maior parte da Nação. Por quê? A explicação é simples: a maioria dos brasileiros não abre mão da democracia, mas entende que alguma coisa está errada. Sim, vamos analisar imune ao bolsonarismo irritante e aos que estão no outro lado.
A Constituição de 1988 foi construída para resgatar a democracia e criar uma barreira a eventual tentativa de se reinstalar a ditadura. Em alguns aspectos, a Constituição foi decisiva e restabeleceu a ordem, contudo, privilegiou poderes, submetendo o povo ao reinado de Roma, retirando, inclusive, a autonomia dos estados e municípios. O Brasil depende, como nunca, de Brasília.
O Supremo Tribunal Federal, bem como os tribunais regionais, age de acordo com as leis que, por estarem ultrapassadas, quem sabe pelo excesso de parágrafos, dificultam a compreensão da Nação. Logo, precisamos compreender – ou passivamente entender – as razões pelas quais parte pequena da Nação insurge-se contra os poderes.
Sob este aspecto, o Congresso é o principal responsável por essas conflagrações. Os parlamentares precisam abrir mão do corporativismo e da sede do poder para repensar o Brasil. Nossas leis precisam ser simplificadas e desenfrear o amadurecimento democrático.
As manifestações de 7 de setembro assustaram apenas os que têm medo de a Nação sofrer novo golpe militar. Mas, que golpe? Se 75% da população está insatisfeita com o governo federal, um golpe seria um tiro no escuro e os militares sabem que os brasileiros não concordam com a repetição de uma ditadura.
A única alternativa para dissipar o conflito político – que nem chega a ser ideológico – é realmente trabalhar humildemente a releitura constitucional, de forma a fortalecer a democracia e a acabar com privilégios de poderes. Por exemplo: é admissível um parlamentar ser ressarcido de despesas médicas, que chegam à absurda cifra de R$ 45 mil em um só mês? Um presidente da república ter direito a cartão de crédito superior a R$ 100 mil mensais? Um parlamento com mais de 6 mil funcionários?
O povo está indo para as ruas com esse espírito de revolta. E observa-se que vivemos uma situação deplorável, de um botijão de gás custar 120 reais e a gasolina em Floripa ultrapassar a 6 reais o litro. Alguma coisa está errada e, não há dúvida, de que as leis precisam ser reexaminadas.
É preciso respirar o Brasil, repensando suas leis e cortando os excessos de benefícios dos poderes.
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