NO SILÊNCIO DA MARIA

por Laudelino Sardá


FLORIANÓPOLIS – A Maria da Ilha viveu os bons tempos de Desterro. Nasceu em 1901 e morreu aos 50 anos de idade. É reconhecida no Brasil como um exemplo de educadora, que se tornou a primeira deputada negra do País, além de uma das primeiras jornalistas.
A professora Antonieta de Barros é nome de túnel, embora ela tenha iluminado muitas vidas; recebeu o título de doutora honoris causa da UFSC. Poxa, nem a Assembleia Legislativa lembra-se desta deputada negra, combativa, e pouquíssimos sabem que ela foi uma exímia jornalista. E Floripa, aos 342 anos de idade carece de memória. A propósito, qual o nome do fundador da cidade? E o seu Francolino, alguém conhece?
Floripa homenageia quem está vivo e trabalha pela terrinha. Sua história parece sepultada e a sua cultura sobrevive pela teimosia de alguns grupos de abnegados. Nem as escolas cultivam essa rica herança cultural.
Floripa hoje nunca ganhou tantos confetes, mas amanhã ela retorna à vida normal, serpenteada de problemas. Ah, sim, é uma ótima cidade para se viver feliz. Claro, claro, talvez por isso as suas soluções são esquecidas, como a sua cultura.
A nossa eterna Desterro não é vaidosa, mas na jactância de muitos de seus inquilinos, que a exibem com pompas para a América do Sul, ela acaba se constrangendo, sob o temor de visitantes se decepcionarem com suas deficiências. Incrível, ônibus, sem recuo nos pontos intermediários e caminhões de cargas são os que mais atrapalham o trânsito. E os que têm a bicicleta como meio de transporte ou de lazer, precisam dividir espaços com carros e caminhões.
Seria por isso que os vereadores em 2015 envelheceram a cidade mais 52 anos? Maria da Ilha raciocina bem: “todos os sonhos sofre o corte impiedoso dos insucessos, e lutam contra a geada do indiferentismo de uns e o egoísmo de outros”.

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