O VOTO OBRIGATÓRIO E A CONSCIÊNCIA SOCIAL

por Laudelino Sardá


Santa Catarina – Mais uma eleição para escancarar o malogro político e a descrença do povo no movimento de esquemas partidários e do corporativismo. Ao longo de quatro anos, pouco se houve falar nos parlamentares e executivos eleitos pelo voto, até porque a maioria habituou-se a trabalhar a sua reeleição só nas campanhas eleitorais de agosto a outubro, durante as quais a desfaçatez exibe um cenário teatral, em que as frases soltas carecem de enredo para, pelo menos, fazer o eleitor sorrir. Neste período de campanha, todos os candidatos à reeleição para o Congresso se acham autores de projetos que “resultaram” em canalização de recursos financeiros para Santa Catarina. E no jogo de contradições, os parlamentares confessam que o Governo Federal continua abandonando o Estado eficiente e produtivo. E quais os discursos armazenados no Congresso que criticam o Palácio do Planalto e pedem respeito aos catarinenses? Se é verdadeira essa a versão do abandono, como explicar que o presidente da República liderança a preferência do eleitorado catarinense? Essa incoerência revela a distância entre políticos e o povo, que, para a sorte dos partidos e dos seus seguidores, vai depositar o seu voto por força das leis eleitorais, que torna a presença nas urnas obrigatória. Os políticos, em as grande maioria, aprovam a obrigatoriedade do voto, até porque se o eleitor não fosse obrigado a ir às urnas, com certeza faltariam votos para encher os vagões dos candidatos com cargas mínimas imprescindíveis.
O surpreendente é que cada parlamentar, inclusive os estaduais, dispõe de uma invejável estrutura de assessores e são raros os que investem em uma boa comunicação com a sociedade, o que permite a interpretação da sobrevivência do clientelismo político. É possível acreditar que se houvesse uma substancial redução da mordomia parlamentar, em todos os níveis, haveria vantagem pela necessidade de cada político ter um olhar diferente para a sociedade, longe do clientelismo abstrato.
Não surpreenderá se nestas eleições o eleitor ser mais responsável com seu raciocínio em relação ao papel de deputados, senadores, governadores e presidente da república, punindo os que insistem em conviver com jogos de aposta. Até porque é lamentável que em pleno século 21 e com o avançado modelo de comunicação, o eleitor não acredita na consciência coletiva em nome da felicidade de todos os cidadãos. Aliás, perguntar não ofende: qual o parlamentar que nestes quatro anos passou pelo menos uma semana visitando favelas e sentindo de perto o sofrimento da pobreza?
Bom voto a todos, em nome da consciência social brasileira.

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