A corrupção que desafia o Brasil…
por Laudelino Sardá
Santa Catarina – Por mais que alguns empresários estivessem comprometidos com ações político-partidárias, Santa Catarina conseguiu, pelo menos na aparência, manter-se sóbria nos últimos anos em relação à prática política que caracterizou toda a república brasileira. Hoje estamos apreciando e aplaudindo ações da justiça no sentido de punir e coibir a corrupção no serviço público. Aliás, é preciso intensificar a fiscalização de empresas corruptoras. É fundamental que se puna o corruptor para acabar, ou pelo menos reduzir, a bandidagem que cresce e se renova ano serviço público. Ora, banditismo no serviço público continuará existindo enquanto houver conivência de autoridades. É oportuno lembrar que o governador Antônio Carlos Konder Reis, diante das ações hercúleas de corruptos, optou por sitiar as ações, concentrando em seu gabinete todas as liberações de projetos, até mesmo aqueles que só necessitavam do aval de chefes do primeiro e segundo escalão. Todos os dias, a romaria invadia o gabinete do governador em busca de assinatura. E a maioria dos projetos ficava na pendência de comprovações. Isso demonstra que se o chefe-mor não se preocupa com desvios de dinheiro público, nos escalões abaixo sempre haverá motivo para os incontroláveis dirigentes fazerem suas festas monetárias.
O importante é que Santa Catarina, hoje, está entre os poucos estados que combatem a corrupção com seriedade, mostrando, inclusive, aos atuais dirigentes públicos as facilidades com que a sociedade corrompe os cofres públicos. E quando se fala em sociedade é importante salientar a dificuldade que a Nação tem hoje de identificar os focos de corrupção. Imaginem, para a surpresa de catarinenses, quantos prefeitos e assessores foram detidos por denúncias de ataques e roubos aos cofres públicos nas últimas semanas? Isso revela que a corrupção ocorre também de dentro pra fora, ou seja, há muita gente em repartições públicas à caça de lucros pessoais.
Esse desempenho das polícias civil, militar e judicial é uma demonstração de que Santa Catarina pode alicerçar-se numa outra valiosa competência, a de acreditar na seriedade do serviço público. E os resultados indicam que poderemos ressaltar em nível nacional o desafio de toda a Nação de abraçar essa causa histórica, de acabar com a corrupção a qualquer custo. Basta, é claro, que os dirigentes públicos honestos colaborem, sem dificultar as ações judiciais e policiais que só têm merecido aplausos da sociedade. Aliás, a sociedade precisa se mobilizar contra essa podridão, assim como a Nação conseguiu até mesmo na doença da dengue, que, para o seu combate, não precisou de tanto dinheiro quanto se rouba da Nação. Ou será que precisou?
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