Entrevista | MAURO DE NADAL

por Richard Ritter – @richardritteroficial


Prefeito de Cunha Porã, três vezes deputado estadual por Santa Catarina, marido, pai e aos 49 anos conquistou a presidência da Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina – ALESC, o jornalista Richard Ritter entrevista com exclusividade Mauro de Nadal.

Richard Ritter: Quem é o guerreiro medebista que iniciou no interior e hoje assume um dos maiores poderes legislativos do estado catarinense?

Mauro de Nadal: Posso dizer que sou uma pessoa do interior. Nasci no interior do município de Caibi, na linha São Jorge, e com seis anos e meio mudamos para Cunha Porã, onde cursei todo o meu ensino até chegar ao ensino médio. Depois do ensino médio, fiz Direito em Chapecó – hoje Unochapecó – cursei Escola da Magistratura, a qual prepara para concurso de Juiz, não fiz concurso até hoje porque, quando conclui a Escola já entrei na política. Era um período de eleição para o governo do Estado, passo seguinte, meu nome começa a aparecer como possível candidato a prefeito de Cunha Porã.
Sou advogado, com especialização em Administração pública. Tive muita participação no esporte, desde bem jovem, aos 12 anos, sempre vestindo a camisa do meu município. Disputei por diversas vezes os Jogos Abertos de Santa Catarina, na modalidade de voleibol.
E o destaque sempre foi esse: o trabalho e uma presença muito constante na vida das pessoas da minha cidade, quer seja por meio do esporte ou por meio de uma ação social, fato que me proporcionou a eleição para prefeito. A partir desse momento, está sendo muito forte o nosso slogan de trabalho: Trabalho e Presença, e isso tem feito a diferença na nossa caminhada política.
E chegar a presidência da Assembleia é claro que, primeiramente devo ao meu partido, o MDB, as pessoas que sempre apoiaram e acreditaram no nosso projeto, de representá-los no Parlamento Catarinense, acima de tudo, a compreensão de todos os pares da Casa, de todas as Bancadas, porque nossa eleição foi por unanimidade, então isso demonstra que o convívio nosso no Parlamento é muito harmônico e propositivo.

Ritter: Humildade, preparação e entendimento, 100 dias de Gestão na ALESC; sequências nos trabalhos das gestões anteriores mas também inovações e mudanças importantes, além dos projetos já em execução, o que o presidente Mauro tem de mais importante que ainda deve ajustar e atender Santa Catarina?

Nadal: Eu vejo que para esse momento, para Santa Catarina, o grande desafio do Parlamento é justamente a Reforma da Previdência. Temos um déficit muito alto na receita estatal Catarinense e precisamos fazer esse ajuste, sob pena de que há 10 ou 15 anos o Estado não tenha condições financeiras mais para pagar os seus aposentados.
Isso é algo que nos preocupa, além de estarmos hoje na obrigação de fazermos esses ajustes em virtude de um mandamento legal federal, que fez seu ajuste em 2019, que joga a responsabilidade para os Estados também fazerem suas adequações. É claro que com esse ajuste teremos uma fôlego um pouco maior no caixa Catarinense e então, muitos investimento em prol de Santa Catarina e da nossa gente. Investimento que irão abranger todas as áreas importantes para o nosso Estado.

Ritter: O oeste e o extremo oeste catarinense ficaram um bom tempo parados, de uma certa forma “abandonados”, sabemos que muitas vezes não é por falta de vontade do legislador para fazer acontecer, mas na maioria das vezes por falta de recursos, verbas e entendimento dos poderes. Mauro de Nadal foi diplomata e conquistou os poderes para agir em conjunto, em parceria com os governos estaduais e federais está fazendo acontecer em cada canto de Santa Catarina, onde o senhor vê que ainda necessita trabalhar em conjunto com os poderes?

Nadal: Existem grandes desafios ainda em Santa Catarina, e a unidade dos Poderes para o enfrentamento desses desafios é importante. Hoje, apesar de todas as dificuldades que o mundo vive, Santa Catarina teve uma grande lição, que é a importante dos hospitais dos pequenos municípios.
Eu entendo que o Governo do Estado pode desenvolver uma política de levar as especialidades que hoje encontramos somente no litoral catarinense, para o interior do Estado usando essas estrutura dos nossos hospitais, valorizando de forma regionalizada esses espaços, proporcionando ao paciente um tratamento digno mais próximos de suas residências.
Vejo que esse é um grande desafio, além disso, o Catarinense quer condições para fazer o escoamento da produção, para que as pessoa também sigam tendo um deslocamento seguro. Precisamos de rodovias com qualidade para isso é aí que entra o braço forte do governo atendendo essas reivindicações regionais por todo o Estado, fazendo a recuperação da malha viária já existentes as SCs e também reassumindo a responsabilidades sobre algumas SCs que não temos ainda pavimentação asfáltica, colocando asfalto nessas vias.
Infraestrutura necessária para que o Estado consiga se desenvolver e além disso, que o Governo Federal também tenha um olhar diferenciado para Santa Catarina pelo tanto quanto contribuímos na receita total da Federação. Somos o sexto maior arrecadador e passamos a ser o 25º na distribuição de recursos.
Precisamos ter esse retorno, essa consideração mais presente do governo federal, principalmente em rodovias. Aqui se produz muito, a economia Catarinense é muito forte, e para nós mantermos desenvolvendo, precisamos ter condições de competitividade, e rodovias de qualidade é logística, é ganho, tanto em tempo quanto qualidade na entrega do produto.
As rodovias federais em Santa Catarina precisam ter uma atenção redobrada pelo Governo Federal, pois muitas delas estão em condições difíceis, alguma necessitando de duplicação, como é o caso da 282, em vários pontos, e também a restruturação total, como é o caso de Chapecó até São Miguel do Oeste, a 163 e a 158.

Ritter: Logo que assumiu a gestão presidencial na Assembleia, teve que conciliar na casa a maior pandemia do mundo, como foi e como ainda está sendo gerir regras, adaptações e dores de perdas para a família ALESC? O trabalho não pode parar, a coragem e proteção falam alto, como foram as estratégias e preparo que o senhor definiu para a Assembleia?

Nadal: Na verdade essa pandemia nos fez repensar todo o nosso modo de vida. E a Assembleia Legislativa, desde o início da pandemia, sempre foi pioneira em ações propositivas no intuito de dar segurança ao governo para que ele pudesse exercer na plenitude as ações necessárias para fazer o enfrentamento – quer ser estruturando hospitais, colocando insumos necessários, fazendo uma política de segurança de saúde do Catarinense. A Assembleia foi a primeira do país a ter essa legislação definida.
Ano passado fizemos doação de recursos para auxiliar o governo na compra do que era necessário para o enfrentamento. Esse ano, já na presidência, novamente fizemos doação de R$ 20 milhões, ainda em fevereiro, para que fosse utilizado para a estruturação de novos leitos de UTI, tendo em vista que no Carnaval tivemos um colapso nos leitos, e perímetro interno da Alesc, também adoramos várias medidas restritivas, porém, não deixamos de realizar nossas sessões, de desenvolver os trabalhos, porém obedecemos a risca as determinações impostas pelo Ministério da Saúde, pela prefeitura de Florianópolis, por meio da Vigilância, das determinações da Secretaria de Estado da Saúde, a ponto de trabalharmos no intuito de fazer com que as pessoas não aglomerarem ao logo de todo esse período.
E o grande desafio de todos nós é o de encontramos soluções rápidas para fazer com que o cidadão Catarinense seja imunizado. Que a vacina chegue a todos. Esse é o grande desafio para o enfrentamento da pandemia, e o aconselhamento do alerta as pessoas se cuidarem, não aglomerar, a higienização das mãos, o uso da máscara e do álcool gel com frequência. Conduzindo dessa forma, nossas vidas até o momento em que a vacina chegue e nos de a segurança necessária.
A Assembleia estará sempre atenta e sensível às necessidades de Santa Catarina, e trabalhando em parceria com todos os órgão públicos, se estendendo assim aos 295 municípios.

Ritter: Para as eleições de 2022, o MDB-SC está preparado, com nomes fortes vai tentar o pleito estadual, dos três medebistas, qual seria atualmente o preferido do Mauro de Nadal? Celso, Dário ou Antídio?

Nadal: O MDB tem três excelentes nomes para governar Santa Catarina. Teremos uma eleição com uma vaga para o senado e a Majoritária ao comando do Estado.
Este momento exige de todos nós muita reflexão. Os três candidatos emedebistas possuem características específicas. E essas características quando elas se encontram dão a segurança ao partido de que podemos ter uma excelente proposta para a nossa gente.
Nesse momento é muito difícil escolhermos um dos três, pois ambos são importante e bons candidatos. Precisamos é tempo, para que as candidaturas amadureçam melhor na sociedade de SC, amadureçam dentro das esferas do nosso partido e no momento oportuno, faremos a indicação com a segurança para o eleitor Catarinense.
O trabalho que nos desenvolvemos hoje, deputados estaduais, é justamente ouvida da nossa sociedade qual o melhor nome que possa representar aquilo que são as bandeiras e os propósitos do MDB para Santa Catarina.
Nesse momento é muito difícil escolher um entre os três, qual seria o nome de preferência para ser candidato a governador do Estado.

Ritter: Teria possibilidade de o senhor ir de vice para o governo do estado? Ou a perspectiva vai ser uma reeleição na Assembleia?

Nadal: Eu tenho escutado várias provocações, de forma positiva, que nos enche de alegria, saber da intenção da população quanto ao meu trabalho e o momento em que a gente ocupa tamanha responsabilidade em Santa Catarina em presidir o Poder Legislativo.
Mas não estou preparado para esse desafio nesse momento, pois esse preparo não depende somente de mim, mas sim também de uma organização partidária. E a minha proposta para o ano que vem é novamente disputar a eleição para deputado estadual, se assim eu tiver o apoio da minha região, que é o Oeste e o Extremo Oeste.
Para deputado federal temos alguns nomes que circulam na região, já consolidadas na estrada. A Majoritária falamos a pouco, que temos bons nomes, então vejo que não é o meu momento para isso.
Ano que vem estaremos novamente pleiteando uma vaga na Assembleia Legislativa.

Ritter: Como Deputado Estadual e também presidente da Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina, qual a leitura que o senhor faz sobre a atual gestão de vosso presidenciável Jair Bolsonaro? No seu entendimento, atualmente há mais benefícios ou malefícios para Santa Catarina e para o Brasil a gestão Bolsonaro?

Nadal: Gestão Bolsonaro é justamente o que já prevíamos no momento eleitoral: esse é o jeito dele, o perfil dele fazer Presidência. Nós acabamos direcionando o voto ao presidente passamos a ele a responsabilidade do comentando do nosso país. A forma dele governar é aquilo que ele verdadeiramente está se propondo no momento do pleito eleitoral.
Quanto a Santa Catarina, especificamente não da para se dizer somente deste governo, mas o governo federal deve muito ao nosso Estado – não sendo somente desse governo – mas sim de vários governos. Desde o advento da Constituição de 1988, o Pacto Federativo tem retirado muitos recursos de Santa Catarina, e isso é algo que precisa ser revisto. O pacto federativo precisa ser revisto.
O governo federal em um contexto geral, não englobando somente o atual presidente, devem muito a SC.

Ritter: Recentemente nosso estado passou por 2 processos de impeachment enfrentados pelo governador Carlos Moisés da Silva (PSL), para o senhor, que inclusive soube conciliar e equilibrar como presidente da ALESC a situação que nosso estado passou, o senhor acha que há pontos negativos que ainda precisam ser levantados sobre a lisura do vosso governador?

Nadal: O governo com os Poderes caminham em um processo grande de amadurecimento da transparência dos atos públicos. Vivemos um momento de dificuldade que é essa situação da pandemia, os impeachment, enfrentados pelo Governo do Estado de Santa Catarina renderam um grande amadurecimento também na esfera administrativa de governo.
Primeiro deles é chamando a participação do Poder Legislativo para com os atos e ações do governo do estado. Ou seja, uma participação em ideias, sugestões… isso é muito importante para governar um estado. Este é o modelo que entendo como o mais adequado. Modelo em que se oferece também ao Parlamento o momento de sugerir aquilo que é importante para SC. E isso tem acontecido no pós impeachment, na verdade, acontecido desde o início desse ano. Isso se reverte em muitas entregas para Santa Catarina, muitos projetos importantes que acontecerão ao longo desse ano e do próximo. É claro que ninguém de nós gostaríamos de enfrentar um momento dessa natureza, e um doa assuntos, que é o caso dos respiradores, não está encerrado, ele ainda está pendente a investigações pela polícia federal. Mas dentro a Alesc, as ferramenta investigativas que tínhamos permitiram chegar até então aquele momento. A partir daí, fica a cargo da polícia as investigações. E todos nós, dentro do modelo de transparência e lisura estamos aguardando uma manifestação dos órgãos fiscalizatórios competentes.
Mas atos seguintes, percebemos que o governo mudou bastante na sua forma de agir e dentro dessa mudança tem permitido uma transparência maior dos seus atos

Ritter: Certamente Mauro de Nadal findará sua gestão na ALESC com metas alcançadas, qual o maior desejo do senhor que ainda há pretensão de conquistar como político/gestor público?

Nadal: Chegar a totalidade da digitalização da Casa, ou seja, o Parlamento todo de forma digital e transparente na sua totalidade. Esse é o grande desafio que temos pela frente.
Uma boa parcela da digitalização já fizemos. Agora falta o processo legislativo. O próprio deputado acompanhando toda tramitação por meio de um computador ou smartphone, evitando com isso o acúmulo de papel, o desperdício de dinheiro com papel, caneta, tinta, e tudo que é necessário para que se de visibilidade às ações parlamentar. Além disso, continuamos em uma trabalho de economia muito forte, para que esse recurso possa ser revertido em investimento para Santa Catarina e para os catarinenses.
E dentro desse princípio, nós ainda estamos trabalhando muito na humanização dos atos da Assembleia. Fazer com que o cidadão Catarinense consiga acessar o seu parlamentar, entender o dia a dia, que ele posso ter uma Comunicação mais direta com o cidadão. Levando a mensagem, o trabalho, as ideias, ideologias, bandejas que cada deputado defende na Alesc e o quanto isso é importante na vida da nossa gente.
Esse também é um desafio que estamos enfrentando e acreditamos que conseguiremos alcançar o objetivo até o fim da nossa gestão.