Entrevista | NAPOLEÃO BERNARDES

por Richard Ritter – @richardritteroficial


Napoleão Bernardes, pré-candidato ao Governo de Santa Catarina pelo PSD, concedeu entrevista exclusiva ao jornalista Richard Ritter. Confira!

Richard Ritter: Quem é, como foi o começo; e há quanto tempo está na política catarinense o blumenauense Napoleão Bernardes?

Napoleão Bernardes: Apesar de me considerar jovem, já tenho alguma história na política. Lembro que eu estava ansioso para completar 16 anos para ter título de eleitor e fazer parte da vida pública. Disputei a primeira eleição aos 17, quando fiquei como suplente de vereador. Em 2012, fui eleito o prefeito mais jovem e mais bem votado da história de Blumenau, com mais de 70% dos votos. Em 2016, fui reeleito com a votação mais expressiva do estado no segundo turno. Nestas passagens, sempre busquei uma gestão transparente e corajosa, que foi reconhecida em algumas oportunidades. Em 2016, recebi o prêmio de gestor público do ano pelo CFA (Prêmio Guerreiro Ramos – Conselho Federal de Administração), e nos anos seguintes, em 2017 e 2018, fui premiado pela Esag/Udesc com o primeiro lugar no Prêmio de Boas Práticas em Gestão Pública, com o case da transparência na gestão que implantei na prefeitura de Blumenau.
Algo que me honra bastante, foi ter sido convidado pelo Banco Mundial para ser o Conferencista de Abertura do seu Fórum Global a respeito de integridade e transparência na gestão pública, que ocorreu em Washington, na sede da Instituição.
Após os mandatos de prefeito, voltei ao que fazia antes de ingressar na política, trabalhando na vida privada, lecionando e estudando. Mas sigo firme com o ideal e a convicção de buscar contribuir muito ainda com Santa Catarina.

Ritter: Entre tantos nomes fortes e atuantes na política de Santa Catarina, o PSD-SC atualmente trabalha na perspectiva de alguns nomes, incluindo o do senhor; Raimundo Colombo, João Rodrigues e outros. Como vê o PSD-SC para a eleição de 2022?

Napoleão: O PSD terá um nome de consenso para o governo do estado em 2022. Dentro do partido há um entendimento de que meu nome representa uma novidade, mas com experiência testada e aprovada nas urnas. É uma possibilidade vista com bons olhos, entretanto há também outros nomes importantes, como o do ex-governador Raimundo Colombo, o presidente do partido, deputado Milton Hobus, o prefeito de Chapecó, João Rodrigues, a ex-prefeita de São José, Adeliana dal Pont, só para citar alguns exemplos. O partido tem muita gente boa para essa missão. O que o PSD tem feito é estimular as lideranças que tenham alguma pretensão às eleições a percorrer o estado, como eu fiz nas últimas semanas. Mais para frente, em consenso e harmonia, o partido vai entender o perfil da próxima eleição para indicar o melhor nome. Este nome terá o apoio de todos os demais. Ainda não há definições, mas há alternativas com diferentes perfis para que o partido faça a melhor escolha, ouvindo prefeitos, vice-prefeitos, vereadores, suplentes e, acima de tudo, a sociedade.

Ritter: O preparo e a vontade ficam evidentes, transparecem no Napoleão Bernardes para governador em 2022. Existe possibilidade de disputar novamente como vice-governador na chapa do PSD ou quem sabe a outro cargo majoritário?

Napoleão: Esta é uma posição político-administrativa muito honrosa. Mas, sinceramente, não tenho pretensão ao cargo de vice, ainda que fosse uma honra para mim. Em 2018, quando concorri na eleição como vice-governador, as circunstâncias partidárias me levaram a isso numa decisão de última hora, fora do planejado. Apesar disso, foi uma experiência enriquecedora para mim. Percorri o estado e pude conhecer mais profundamente as necessidades de cada região, o que me trouxe ainda mais convicção em relação à Santa Catarina que acredito para o presente e o futuro. Foi uma experiência interessante, mas se dependesse exclusivamente de mim, a candidatura teria sido ao Senado, conforme o planejamento original. Sou muito grato e feliz com a oportunidade que tive e acredito estar preparado para novos desafios.

Ritter: As andanças e articulações pelo estado iniciaram. Como está sendo a recepção do eleitorado que fechou as portas, o eleitorado que está passando necessidades diante da maior pandemia e crise econômica brasileira? Há esperança no semblante do povo catarinense para uma retomada econômica e política?

Napoleão: Tenho sido muito bem recebido em todas as regiões por onde passo. As pessoas estão enfrentando muitas e diversas dificuldades, mas continuam lutando e têm esperança de que tudo será superado.
Eu acredito que para entender as reais necessidades da população é preciso diálogo constante e estar próximo. Dessa forma, esta andança por todas as regiões do estado está me dando ainda mais subsídios para compreender a real situação de Santa Catarina.
A pandemia trouxe consequências muito ruins para a economia em geral. Muitas empresas tiveram que fechar as portas, acarretando mais de 500 mil demissões, sem falar nas famílias que perderam pessoas queridas para a Covid-19. Mas eu vejo o futuro com otimismo. O povo de Santa Catarina é empreendedor e trabalhador por natureza, e com o auxílio do governo, é possível alcançar patamares ainda melhores do que o tempo pré-pandemia.
Os governantes têm que estar atentos ao que está por vir e se antecipar. Com qualificação, preparo para o mundo de hoje, moderno e interconectado, temos condições não só de trazer as melhores empresas para cá, mas trazer os melhores empregos do mundo para as pessoas trabalharem a partir daqui. Assim, valorizamos a capacidade e o empreendedorismo da nossa gente. Acredito no tradicional, mas é importante que Santa Catarina, com seus indicadores e índices, busque destaque não só em nível de Brasil, mas que possa atrair o melhor do mundo para cá, em termos de turismo, empresas, empregos, economia. Temos que trabalhar para criar um ambiente fértil e cheio de oportunidades para as pessoas.

Ritter: A exemplo do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite está sendo o governador mais novo do estado, o senhor foi o prefeito mais novo da história de Blumenau. O comunicativo Napoleão Bernardes se sente preparado para a empreitada estadual catarinense?

Napoleão: Tenho uma boa sintonia com o governador Eduardo Leite, um jovem gestor, preparado e competente.
Sobre meu sentimento em relação a empreitada estadual em Santa Catarina, posso dizer que minha história e realizações permitem que eu me sinta pronto para o desafio. Eu me orgulho muito do nosso legado na prefeitura de Blumenau. Investimos no maior conjunto de obras da história da cidade, me orgulho também do apoio que demos ao empreendedorismo, tanto para as grandes empresas, como para os micro-empreendedores. Investimos na qualificação profissional, no esporte, no turismo… Fomos reconhecidos no Brasil e no mundo pela marca da gestão transparente, inovadora, enxuta e moderna, focada em oferecer os melhores resultados em relação às pessoas.
Toda esta experiência como executivo, aliado ao conhecimento acumulado com o direito e meu doutorado na busca por um modelo de gestão para os novos tempos, assim como o contato que estou tendo com todas as regiões do estado, me fazem acreditar que estou preparado. Tem muita coisa que me orgulho em ter realizado, e sempre fica o desejo de fazer mais. Acredito que chegou a hora. Tenho me dedicado e me preparado muito para essa missão.

Ritter: Desde cedo na vida pública, aos 38 anos de idade já lhe agregam experiência suficiente para definir sua opinião sobre a atual gestão governamental federal, Jair Bolsonaro, é um ponto positivo para o PSD-SC ao governo do estado em 2022?

Napoleão: Acredito que, como em todos os governos, há erros e acertos. Na eleição de 2018, aqui em Santa Catarina, Jair Bolsonaro teve a maior aprovação do país, com mais de 75% dos votos. Ele tem uma base muito fiel e forte, mas é verdade que a rejeição do seu governo cresceu, de acordo com as últimas pesquisas. Entretanto, Bolsonaro segue como um dos principais nomes para a eleição do ano que vem, com muita influência no nosso estado. É importante ressaltar que a pandemia e todo o contexto em que nos encontramos fazem com que o cenário político seja ainda incerto e dinâmico. Difícil dizer hoje qual o impacto do governo federal nas eleições estaduais de 2022.

Ritter: Se houver uma majoritária, quem o senhor gostaria de estar junto/aliado?

Napoleão: Alguém honesto, sério, competente e que entenda das necessidades e potencialidades de Santa Catarina. Isso é o mais importante para que possamos governar de forma conectada, transparente e corajosa.

Ritter: Experiência aliada à pensamentos joviais e projetos modernos, como o jovem Napoleão vê a juventude na política atual? E no seu caso, tem enfrentado rejeição, pontos negativos por ser um jovem tentando um pleito estadual de um dos estados de maior economia e ascendência brasileira?

Napoleão: Acredito que, de um tempo para cá, a juventude voltou a se interessar pela política, eles participam mais, cobram, criticam, e isso é muito importante para o processo democrático. Para que este processo continue e se fortaleça, na minha visão de gestão, é preciso um governo cada vez mais presente e mais transparente, que gere mais credibilidade junto às pessoas.
Tenho recebido muito apoio por onde passo e vejo que o fato de eu ser jovem com experiência políticas e administrativa têm sido um fator muito positivo. Diferente das eleições de 2018, quando se buscava o novo e o “apolítico”, as últimas eleições municipais demonstraram que a população está olhando o candidato com mais cuidado, querem o novo, mas com bagagem política. Acredito que este movimento é positivo para que haja uma gestão moderna, transparente e corajosa, mas que seja feita por gente que também saiba se relacionar politicamente para conseguir realizar o que propõe.

Ritter: Como o senhor vê no cenário atual e no futuro [2022], o PSD-SC na política catarinense? Se houver aliança partidária, qual o palpite do senhor em relação aos partidos envolvidos e os respectivos políticos que os representarão?

Napoleão: Estamos construindo um conjunto de princípios e valores. Qualquer conversa terá que passar por aí. Não dá mais para fazer acordos que depois se refletem apenas em partilha de cargos no governo.