Será que muda?

por Laudelino Sardá


Brasil – A diferença nos comportamentos políticos dos últimos anos mostra uma tendência de se dar qualidade e compromisso social à política brasileira. Resta saber se isso é verdade ou é uma forma de embrulhar um problema e tentar convencer a sociedade de que é o pacote da transformação pra valer.
O difícil é acreditar em rápida transformação. Achar que os políticos passem a mensurar o seu crescimento político-eleitoral com base em suas realizações como parlamentares ou em mandatos de gestão, empenhados e comprometidos com a felicidade dos cidadãos, só se consultar a cartomante do romance de Machado de Assis.
O partido que se espelhar na realidade dos países desenvolvidos, em que o compromisso dos políticos é com a governabilidade e a felicidade do cidadão, poderá começar a produzir mudanças. Só que nesse aspecto no Brasil há uma relação forte entre o exercício político e os cofres públicos. O Congresso tem o poder de alterar os quinhões do orçamento público, e pouco se houve propostas para proporcionar felicidade ao cidadão, sem que o parlamentar não leve uma janota para auxiliar-se no processo eleitoral.
É necessário que os tribunais de conta sejam reformados, no sentido de também exercer controle sobre os gastos dos parlamentares. Essa autonomia política dos tribunais é pífia, por mais que haja muitos integrantes comprometidos com a seriedade do serviço público. Na percepção dos cidadãos, parece que todos os órgãos públicos estão atrofiados em um modelo de vícios e vantagens políticas.
Por mais que seja necessária a liberdade do poder legislativo, é imprescindível o controle externo para que o corporativismo e as oligarquias parem de influenciar no direcionamento das verbas públicas, oriundas dos recursos do cidadão.
O grave problema brasileiro é que os políticos não sobrevivem sem o apoio dos recursos públicos. E quem sobrevive tem recursos suficientes para exercer o poder de favorecimentos. Esse é o maior drama e vexame brasileiro: o povo paga a bandalheira com dinheiro de impostos.

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