Afinal, quem são os impostores?

por Laudelino Sardá


Brasil – O Brasil não vive uma crise institucional, mas, sobretudo, uma crise de caráter. Aliás, desde o começo da República, o Brasil não sabe como falar sério em nome da reconstrução de uma democracia plena. Esta é a principal razão de a Nação viver a centenária crise social e econômica, principalmente porque os políticos vivem mergulhados nos conchavos e corporativismos, ignorando o povo que, aliás, só o procura em épocas de eleição.
Um dos maiores culpados dessa situação é o Superior Tribunal Eleitoral que, ao longo de cada ano, poderia desenvolver uma campanha socializadora junto a universidades, escolas de 1º e 2º graus, e outras instituições, no sentido de mostrar aos brasileiros a importância de votar em um candidato capaz de ser recíproco à confiança popular. E cobrar resultados, seja através de agremiações, associações de classe. Uma outra alternativa seria a de acabar com a liberdade dos parlamentares de trabalhar com dinheiro público, instituindo-se leis capazes de combater a libertinagem. Lembro-me que um deputado federal da Suécia, morando em cidades do interior, tem apartamento de 20 m2 em Estocolmo e precisa lavar sua roupa e fazer comida. O custo de um deputado federal no Brasil vai além dos 100 mil reais. A tecnologia está tão avançada que dispensa a presença de parlamentares todas as semanas em Brasília. É muito cara! E por que não instituir critério de importância e valor nos debates e decisões parlamentares? Com certeza, as abobrinhas seriam dispensadas.
O problema é o vício que contagia a corrupção política. Santa Catarina, como um estado de ótimo performance tanto no social quanto na economia, poderia estimular bons exemplos. Mas a própria Assembleia Legislativa reprova o conceito de seriedade ao instituir gratificação aos deputados, além de criar novos cargos. Ora, só se cria novos cargos quando há comprovação da necessidade. E isso não ocorre no Legislativo de Santa Catarina.
O mal do Brasil é socializar a corrupção pelas facilidades do manuseio da máquina pública. Ora, se um deputado estadual ganha necessariamente bem, por que se atrever em se favorecer com recursos públicos, que poderiam estar equacionando problemas sociais? É a ganância! Uma ou mais crianças morrem por falta de um medicamento num dos hospitais de Florianópolis. Bastam as benesses de altos salários e retribuições para os parlamentares pensarem mais na saúde financeira de Santa Catarina. É preciso dar um basta às estratégias e a projetos eleitoreiros construídos com dinheiro de quem trabalha com suor.
Aqui no Brasil a política sobrevive com os artifícios de políticos, enquanto na Europa, principalmente, os setores produtivos e a população em geral dão o direcionamento para a política ideal do seu país. Mas qual o problema? É fácil de decifrar. Nos países europeus há a consciência social e de responsabilidade econômica, enquanto no Brasil continuamos com os vícios do império, em que bastava ser amigo do rei. Há mais um detalhe: nos países europeus e nos EUA a justiça é eficiente.

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