Entrevista | Aristides Cimadon

por Plinio Ritter – @plinioritteroficial


Programa Universidade Gratuita, o projeto elaborado para revolucionar o ensino superior no Estado, tornando-se exemplo para o Brasil, com apoio e parceria de diversos setores, o Universidade Gratuita promete ser uma revolução no ensino superior catarinense.
Com exclusividade o Secretário de Educação do Estado de Santa Catarina, Aristides Cimadon, concedeu entrevista exclusiva para o jornalista Plinio Ritter.

Plinio Ritter: Em primeiro lugar, pode explicar os principais conceitos e objetivos do programa Universidade Gratuita?

Aristides Cimadon: O programa irá revolucionar a educação de Santa Catarina, gerando desenvolvimento regional para nosso estado. O objetivo é oferecer até 75 mil vagas gratuitas em nível de graduação aos estudantes catarinenses nas universidades comunitárias até 2026, começando com cerca de 30 mil vagas. A proposta contempla uma série de contrapartidas das universidades comunitárias e dos estudantes contemplados, para garantir o retorno para o desenvolvimento do Estado.
É importante salientar, também, que o programa irá atender os estudantes que mais precisam, para que possam fazer cursos como medicina, engenharia e outros, para que possam realizar seus sonhos e transformar a realidade de suas famílias.
Segundo as regras, a classificação dos candidatos será pelo percentual de comprometimento da renda bruta familiar com o valor da mensalidade. Isso significa que serão contemplados, primeiro, aqueles que tiverem o maior percentual de sua renda bruta familiar comprometida pela mensalidade do curso.

Ritter: Você acredita que as universidades particulares terão perdas com o Universidade Gratuita?

Cimadon: Acredito que não, pelo contrário. É importante explicar que, além da Universidade Gratuita, entregamos à Alesc um projeto que amplia os recursos para as bolsas de estudo nas universidades privadas. Segundo a proposta, os recursos destinados para bolsas de estudos em universidades particulares serão mais do que duplicados. Os estudantes que estudam nessas instituições terão mais
oportunidades de serem contemplados com bolsas de estudos.
Em ambos os projetos, os valores investidos serão vinculados ao CPF dos estudantes. O investimento será repassado às instituições de ensino somente após a comprovação da prestação do serviço educacional e com a anuência de cada beneficiário.

Ritter: Quais os principais impactos do programa para Santa Catarina?

Cimadon: Será uma revolução no ensino superior catarinense, que trará inúmeros retornos para a sociedade. Nas regras do programa, os estudantes contemplados deverão atuar em sua área de formação durante ou após a graduação, chegando, aproximadamente, a 200 horas por ano. Então, vamos imaginar. Considerando apenas os estudantes de medicina que esperamos contemplar no primeiro ano, o retorno resultaria em mais de 86 mil horas de trabalho por ano, que serão devolvidos à sociedade, terão impactos diretos na realidade de muitas famílias.

Ritter: Quais as contrapartidas das Universidades Comunitárias no programa?

Cimadon: Em primeiro lugar, é importante esclarecer que as universidades comunitárias são de caráter público, por isso, reinvestem todo o recurso para bem da própria sociedade e não visam lucro. São investimentos em atendimentos gratuitos de saúde, jurídico, em melhorias da instituição ou em outras diversas áreas como esporte e cultura. Então, todas as contrapartidas estabelecidas terão resultados diretos para a sociedade catarinense.
As regras estabelecem que as instituições deverão promover programas de formação continuada para profissionais da educação da rede pública estadual de ensino, firmar termos de cooperação com órgãos e entidades públicas para garantir a realização da contrapartida dos estudantes, ofertar itinerários formativos aos estudantes do ensino médio da rede pública estadual, com 50% de gratuidade, entre outros.

Ritter: Como o projeto foi construído pelo Governo do Estado?

Cimadon: O programa foi construído com responsabilidade, em conjunto com a SEF, SEA, SCC e PGE, um trabalho construído a várias mãos. Dialogamos com vários setores para poder chegar a melhor proposta para Santa Catarina. Por isso foi pensado de maneira escalonada, chegando a sua totalidade em 2026, para agir com responsabilidade, pensando também no fortalecimento da educação básica.
Afinal, sabemos que a educação é uma das prioridades do Governador Jorginho Mello, queremos tornar os índices da educação catarinense os melhores do país. Somos destaque na alfabetização, fruto do nosso regime de colaboração com os municípios, e estamos trabalhando em inúmeras melhorias do ensino médio, para elevar, também, estes índices.

Ritter: Quais os principais projetos para a educação básica catarinense?

Cimadon: Realizamos um diagnóstico nas nossas mais de 1050 escolas estaduais e identificamos inúmeros desafios, por isso, pensamos em um planejamento estratégico para solucionar, pensando sempre na qualidade de ensino de nossos estudantes. Portanto, já iniciamos as melhorias na rede elétrica das escolas e iremos fechar uma parceria com a Celesc e Acafe para acelerar esse processo de recuperação, o que, inclusive, é uma das contrapartidas das instituições comunitárias do projeto da universidade gratuita. Melhorar a implantação do Novo Ensino Médio também é uma de nossas prioridades. Já lançamos o programa educação empreendedora que estamos implementando em parceria com a FIESC, FECOMERCIO e Universidades Comunitárias, para formação técnica profissionalizante. Nesse particular iremos fazer um plano específico para os Centros de Educação Profissional em Santa Catarina (CEDUPs) e rever a forma de oferta do novo ensino médio nas escolas.
Iremos investir em formações continuadas no ensino fundamental e médio para os professores e equipes gestoras, contando com parcerias e articulando, junto aos municípios e demais interessados, adequado ao currículo. Com isso, queremos reduzir a evasão escolar, qualificar a prática pedagógica dos professores e garantir aos catarinenses uma formação básica adequada, para que ele seja transformador na sociedade.


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