Entre a descrença e o desejo…

por Laudelino Sardá


Brasil – Somos cidadãos açoitados pela sordidez de uma política que não sai e nem cai do berço lusitano, trazido por D. João VI, em 1808, com as 15 caravelas lotadas de parasitas da Corte Imperial, que abandonou Portugal temendo Napoleão Bonaparte. Em 1823, D. João VI retorna a Portugal depois de raspar os cofres do Banco do Brasil, levando todo o ouro.
Qual o compromisso dos políticos contemporâneos com a saúde das cidades? Pífio! As estruturas públicas, cujos orçamentos causam inveja até a alguns países europeus, servem para sustentar a corte política. Um vereador de Florianópolis, por exemplo, além de um bom salário, pode nomear até 11 assessores, todos, é claro, cabos eleitorais. Só o governo federal tem mais de 100 mil cargos comissionados e se somarmos todos os comissionados federais, estaduais e municipais chegamos ao número alarmante e deplorável de mais de 2000 cargos. É por isso que nossos impostos não retornam em serviços; é por essa razão que a previdência social é deficitária; é em função dessa realidade doentia que o SUS, melhor modelo de saúde do mundo, ainda é precário. E ainda há políticos e empresários que estão contra a proposta do governo de tornar gratuito o acesso a universidades. É a visão elitista de uma sociedade que só entende o Estado trabalhando para quem trabalha, casa e uma renda sustentável.

E Florianópolis?

Os políticos – falo de gestores públicos – arrotam que a nossa cidade é a melhor referência em qualidade de vida. A última pesquisa, publicada este mês, mostra que somos a 9ª cidade. Ah, somos uma referência em turismo. Mas uma cidade que não é boa para seus moradores é própria para o turista?
Somos uma cidade sem calçadas, carente de iluminação.. Asfaltam ruas para depois a Casan abrir buracos; somos uma cidade sem memória; apagam nossas histórias como se fossem descartáveis. Ainda bem que temos uma educação boa e um sistema municipal de saúde que funciona.
E a sociedade aponta como principal problema a imobilidade. Em qual cidade você seria capaz de dirigir sem engarrafamento? Londres? Paris, Milão? Nova Iorque? Sim, nessas cidades se dirige sem preocupação, livre de stress, porque as sinaleiras estão sincronizadas, o transporte público é eficiente… o poder público é uma estrutura voltada para tornar o cidadão feliz. Quem sabe o Brasil copia o modelo de gestão pública desses países!
No próximo ano haverá novas eleições municipais. A sociedade florianopolitana precisa ler, ouvir e discutir as propostas dos candidatos. Eleger uma, cobrar e fiscalizar. Não podemos agora achar que o mundo desabou e nos transformar em carpideiras, a chorar junto ao caixão a ser enterrado com nossas esperanças.

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