Minha Opinião | Paulo Locatelli
NEM MEU, NEM TEU, MAS NOSSO ( non mihi, non tibi, sed nobis )
Por Paulo Antonio Locatelli
Subprocurador Geral de Justiça para Assuntos Institucionais do MPSC
Desde 2011, 16 de março é o Dia Nacional de Conscientização sobre as Mudanças Climáticas, um dos maiores desafios do nosso tempo. Um tema que não é meu, não é teu, mas de todos nós. Diminuir as emissões de CO2, mitigar os efeitos das alterações climáticas no meio ambiente e trabalhar na adaptação às mudanças já existentes e futuras são os temas que se apresentam.
Segundo Vaclav Smil, os quatro pilares da civilização moderna são o cimento, aço, plástico e amônia, sendo que a produção e o uso de todos os quatro atualmente exigem a queima de grandes quantidades de carbono fóssil, e a descarbonização rápida não é uma realidade.
Sustentabilidade é a resposta para amenizar os danos ambientais e o esgotamento dos recursos naturais. No entanto, de acordo com Jared Diamond, a suspeita de suicídio ecológico não intencional vem sendo confirmada por arqueólogos, climatologistas, historiadores e paleontólogos, pelas descobertas nas décadas recentes. A entropia gerada pela ação humana que minou sociedades do passado com danos ambientais irreversíveis repete-se. À época, dividiam-se, segundo Diamond, em 8 categorias: desmatamento e destruição do habitat, problemas com o solo (erosão ou perda de fertilidade), controle do uso da água, sobrecaça, sobrepesca, introdução de espécies exóticas e impacto do crescimento demográfico. Atualmente, o autor inclui quatro novas ameaças: mudanças climáticas, acúmulo de produtos químicos tóxicos, falta de energia e esgotamento da capacidade fotossintética do planeta.
O futuro mostra-se com maiores riscos e de forma crônica, exigindo uma consensualidade científica, técnica, jurídica e social, unindo todos os segmentos com a visão de adotarem padrões econômicos sustentáveis. Nossos esforços de hoje determinarão como estará o mundo para as novas gerações.
Nossa resposta enquanto sociedade depende das instituições políticas, econômicas e sociais e de seus valores, pois a força desses setores públicos ou privados, representados por pessoas de valores, afeta a forma como a sociedade busca resolver seus problemas.
Não podemos sofrer dos efeitos da “amnésia de paisagem” ou da “normalidade deslizante” que podem surgir quando a realidade até então estável muda de forma gradual, lenta e imperceptível. A chave do sucesso ou fracasso de uma sociedade em se tratando dos efeitos causados pelas alterações climáticas é saber a quais valores fundamentais seguir e quais descartar e substituir por modelos modernos exigidos pelas mudanças impostas pelo costume da época ou pelo próprio tempo.
Na natureza não há recompensas ou punições, só causas e consequências, e o desrespeito, intencional ou não, deixa vergões nas costas nuas dos incrédulos, que sofrem com as intempéries cada vez mais frequentes.
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